34. Constantino vencedor
          Nascido na  Sérvia, por volta do ano 280, Constantino estava destinado a mudar o  rumo da História. Filho de Constâncio Cloro e de Helena, educado na  corte de Diocleciano, depois de passar tempos junto de Galério, o que  não o agradava muito, afastou-se quando seu pai o chamou para uma  expedição na Inglaterra.
          Alma complexa, reunia em si características  contraditórias: ora vigoroso e impetuoso, ora desanimado e  influenciável. Às vezes cheio de generosidade e clemência, outras  violento e sangüinário, impiedosamente cruel.Humilde e orgulhoso,  instável, instintivo, supersticioso. Foi de um ser humano assim que a  Providência quis se servir para dar a vitória à Igreja.
          Depois que  Constâncio Cloro morreu, em 306, as legiões o proclamaram Augusto.  Galério, no entanto, fez dele apenas um César. Constantino pasou a ser o  detentor de todo o poder no Ocidente, provocando a inveja de Maxêncio,  filho de Maximiano.
          Constantino se casou com Fausta, irmã de  Maxêncio. Advertido por sua esposa de que o sogro (Maximiano) armava uma  conspiração para matá-lo, deu um jeito de encontrarem o ex-Augusto  enforcado em uma prisão.
Em 311, após a morte de Galério, a situação  de Roma fica assim: no Oriente, Maximino Daia e Licínio, no Ocidente,  Maxêncio e Constantino.
          Maxêncio e Constantino não estavam dispostos a dividir o poder.
          Maxêncio,  o Augusto, declara-se o único soberano legítimo e sucessor dos  imperadores. Em 312, Constantino parte para a batalha. 40 mil ao seu  lado contra 100 mil de Maxêncio. O filho de Constâncio cruza os Alpes e  toma várias cidades italianas. Em 27 de outubro de 312 já avista de  longe a Cidade Eterna. Um dia depois, as tropas do seu inimigo  atravessam o Tibre pela ponte de Mílvio. O confronto é deflagrado e as  tropas de Constantino saem vitoriosas. O exército de Maxêncio foge em  debandada, enquanto este último perece no meio da confusão.
          Durante a  batalha, Constantino adere ao cristianismo. Segundo alguns invocou  Jesus Cristo e por isto obteve a vitória. Para Lactâncio, Constantino  teve um êxtase no qual recebeu a ordem de colocar sobre o escudo de suas  tropas um sinal formado pelas letras gregas X (chi) e P (rô), iniciais  de Cristo. De fato, tal monograma foi encontrado em moedas e inscrições  constantinianas.
          Eusébio de Cesaréia nos refere outra versão.  Instantes antes de enfrentar Maxêncio, o imperador apelou para o Deus  dos cristãos, que lhe respondeu através de um sinal celeste: uma cruz  luminosa acompanhada da frase: "Com este sinal vencerás". Na noite  seguinte, Jesus lhe apareceu e pediu que fizesse da cruz uma insígnia, o  Labarum.
          Desde então os exércitos de Constantino usaram o Labarum como estandarte.
          Para  alguns, a "conversão" de Constantino foi apenas uma jogada política,  uma tentativa de atrair para o Império a força do cristianismo. No  entanto, tal tese é muito simplista. Como a maioria das pessoas da sua  época, Constantino tinha obsessão pelo sobrenatural e era muito crédulo.  Talvez tenha sido movido pelo medo de um fim trágico, que aguardava  todos os que se opunham ao cristianismo. De qualquer jeito, nunca  saberemos com certeza o que levou o jovem e impetuoso soldado a  render-se diante do crucificado. Resta-nos apenas a constatação dos  fatos e de suas conseqüências.
