(23.08.2011) Artigo do Padre José do Vale: O que é um Retiro Espiritual?
“Solidão, recolhimento, vida interior. Queres encontrar a Deus?” “Afasta-se das criaturas”.
São Maximiliano Maria Kolbe - Sacerdote e MártirBuscar um tempo para si mesmo junto ao bom Deus. Um retiro espiritual deve ser marcado por este principal objetivo. Vivemos hoje num mundo de grande velocidade, agilidade de informação e compromissos diversos, onde, quase sempre, não temos tempo para nada e se não tiver tempo para Deus à morte espiritual é absolutamente certa! O ser humano, em especial os dedicados à vida religiosa, necessita de uma parada nas atribuições do dia-a-dia para ampliar esse contato ardente com o Pai celestial. O retiro torna-se este momento no qual paramos para refletir sobre nós mesmos, sobre a nossa condição de vida; para pensar em como estamos vivendo, quais motivações para as tarefas que realizamos e para o modo de vida que temos; como estamos agindo e nos comportando no meio da sociedade. Enfim, uma série de questionamentos que podem ser respondidos por meio do silêncio, da oração e de um aproximar-se mais intenso ao Senhor Deus.
O silêncio e o recolhimento na oração foram e são marcas constantes na Tradição da Igreja. Diversos exemplos de retiro e tempo para um encontro espiritual aparecem na Sagrada Escritura e na história da vida orante ao longo dos séculos. Os apóstolos permanecem no Cenáculo, por nove dias, na oração e no silêncio e esperaram a manifestação do Espírito Santo. Os eremitas, os monges até hoje seguem para o deserto onde se entregam ao conhecimento de si próprios e a união com Deus, para irradiarem a vida na Igreja e na sociedade com sua profunda sabedoria e mística.
Nos Santos Evangelhos, o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo que se afastava das multidões que o seguiam e retirava-se para um ermo onde pudesse entregar-se a contemplação. Antes de iniciar a sua vida pública, recolheu-se a um deserto onde sua natureza humana foi posta a prova, sem que o demônio a pudesse dominar. Com seus discípulos, igualmente, ao voltarem da missão, retirava-se com eles para que pudessem, na solidão, estar a sós com Deus. (Cf. Mt 4,1-11; 14,23; Mc 1,35).
O santo retiro, o recolhimento e a oração tornam-se mais necessários para superarmos as forças e nos realizarmos como pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus, nos tornarmos à imagem de Cristo. É num retiro que somos convidados a nos entregarmos nos braços do bondoso Deus, confiarmos a ele toda a nossa vida. O retiro é um momento rico e oportuno para renovarmos a nossa vida de oração e nossa espiritualidade.“A pratica do silêncio, da meditação e da oração favorecem diversas áreas cerebrais, tornando-as mais pacientes e altruístas”, afirmou a Dra. Adriana Gini, neurorradiologista italiana.NOSSO DESEJO PARA DEUSA grande mística e Doutora da Igreja Santa Teresa de Ávila disse: “A alma sente um desejo irresistível de Deus”.
O ser humano foi constituído com desejos, conhecimentos e transcendências. O nosso desejo atua de várias formas, porque somos carentes de tudo e estamos aspirando ao incomensurável. O nosso anseio é de fato e de verdade pelo impossível e pelo desconhecido da eternidade. Arde dentro de nós a vontade revelativa do segredo, do misterioso.
“O ínclito mestre da espiritualidade cristã Santo Agostinho de Hipona, a partir de sua abissal experiência com Deus, escreveu: ‘Fizeste-nos para ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti”. Daí, entendemos que o ser humano tem profunda fome e sede de Deus. Somente Deus pode satisfazer todos os nossos desejos. Ele colocou dentro de nós a eternidade (Ecl 3,11).
Temos a capacidade nata de comunhão com Deus. Cada ser humano traz no seu coração a marca de pertença ao Senhor Deus e atração do seu infinito amor. O maior desejo do ser humano é ver seu Criador, estar com Ele e viver para sempre com Ele.
Deus é amor, e viver esse amor é viver a infinidade da felicidade.O DESERTODisse o Senhor: “Vou conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração’ (Os 2,16). O retiro espiritual no deserto é uma modalidade específica a certas pessoas que o Senhor Deus direciona para uma intimidade abissal e uma missão grandiosa em prol da restauração individual e coletiva. Moisés (Ex 3,1-12); Elias (1 Rs 19, 4-8); João Batista Lc 1,80; 3,2); Jesus (Mt 4,1); Paulo (Gl 1,17.21; 2,1; (2 Cor 11,26). Os Padres do deserto, os eremitas, os monges, e os místicos.
Deserto é fator de solidão e silêncio. Solidão aqui é o todo ser da pessoa com a Santíssima Trindade e os anjos. Na solidão tomamos distância de toda materialidade e do contexto geográfico. É a dimensão absoluta do espírito, ou seja, liberdade da sua autêntica imaterialidade. O lugar, o tempo e a missão são por conta de Deus.
O silêncio é o colóquio da alma é a comunicação mais hipotalássica comigo, com Deus e com o próximo. Capacidade profunda de escuta que flui em nossa consciência a nossa realidade. O silêncio interior é o espaço total para a nossa alma e o silêncio exterior é a ausência total do barulho e
de todo atrapalho.CONCLUSÃOPrecisamos bastante de retiros espirituais. É uma excelente prática para cura, libertação e salvação. Fonte de saúde física, emocional e espiritual. Buscar conhecer vários tipos de retiros para crescer na graça e na sabedoria espiritual. Retiro é o mar de bênção que podemos mergulhar a alma com profundidade.
De todas as nossas atividades o tempo para o nosso retiro é sagrado. Nada, absolutamente nada, é mais importante do que o tempo de comunhão com Deus. O retiro é o tempo sacramentado para o alimento da nossa fé, robustez do amor, fortaleza de nossas virtudes e a gloriosa paz de espírito.
Sem tempo para Deus a pessoa vive rasa, vazia, superficial, virtual, parcial e infernal.
O retiro espiritual é graça abundante para todo o nosso ser.Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Pregador de Retiros Espirituais
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.comFonte: www.rainhamaria.com.br
São Maximiliano Maria Kolbe - Sacerdote e Mártir
O silêncio e o recolhimento na oração foram e são marcas constantes na Tradição da Igreja. Diversos exemplos de retiro e tempo para um encontro espiritual aparecem na Sagrada Escritura e na história da vida orante ao longo dos séculos. Os apóstolos permanecem no Cenáculo, por nove dias, na oração e no silêncio e esperaram a manifestação do Espírito Santo. Os eremitas, os monges até hoje seguem para o deserto onde se entregam ao conhecimento de si próprios e a união com Deus, para irradiarem a vida na Igreja e na sociedade com sua profunda sabedoria e mística.
Nos Santos Evangelhos, o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo que se afastava das multidões que o seguiam e retirava-se para um ermo onde pudesse entregar-se a contemplação. Antes de iniciar a sua vida pública, recolheu-se a um deserto onde sua natureza humana foi posta a prova, sem que o demônio a pudesse dominar. Com seus discípulos, igualmente, ao voltarem da missão, retirava-se com eles para que pudessem, na solidão, estar a sós com Deus. (Cf. Mt 4,1-11; 14,23; Mc 1,35).
O santo retiro, o recolhimento e a oração tornam-se mais necessários para superarmos as forças e nos realizarmos como pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus, nos tornarmos à imagem de Cristo. É num retiro que somos convidados a nos entregarmos nos braços do bondoso Deus, confiarmos a ele toda a nossa vida. O retiro é um momento rico e oportuno para renovarmos a nossa vida de oração e nossa espiritualidade.
O ser humano foi constituído com desejos, conhecimentos e transcendências. O nosso desejo atua de várias formas, porque somos carentes de tudo e estamos aspirando ao incomensurável. O nosso anseio é de fato e de verdade pelo impossível e pelo desconhecido da eternidade. Arde dentro de nós a vontade revelativa do segredo, do misterioso.
“O ínclito mestre da espiritualidade cristã Santo Agostinho de Hipona, a partir de sua abissal experiência com Deus, escreveu: ‘Fizeste-nos para ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti”. Daí, entendemos que o ser humano tem profunda fome e sede de Deus. Somente Deus pode satisfazer todos os nossos desejos. Ele colocou dentro de nós a eternidade (Ecl 3,11).
Temos a capacidade nata de comunhão com Deus. Cada ser humano traz no seu coração a marca de pertença ao Senhor Deus e atração do seu infinito amor. O maior desejo do ser humano é ver seu Criador, estar com Ele e viver para sempre com Ele.
Deus é amor, e viver esse amor é viver a infinidade da felicidade.
Deserto é fator de solidão e silêncio. Solidão aqui é o todo ser da pessoa com a Santíssima Trindade e os anjos. Na solidão tomamos distância de toda materialidade e do contexto geográfico. É a dimensão absoluta do espírito, ou seja, liberdade da sua autêntica imaterialidade. O lugar, o tempo e a missão são por conta de Deus.
O silêncio é o colóquio da alma é a comunicação mais hipotalássica comigo, com Deus e com o próximo. Capacidade profunda de escuta que flui em nossa consciência a nossa realidade. O silêncio interior é o espaço total para a nossa alma e o silêncio exterior é a ausência total do barulho e
de todo atrapalho.
De todas as nossas atividades o tempo para o nosso retiro é sagrado. Nada, absolutamente nada, é mais importante do que o tempo de comunhão com Deus. O retiro é o tempo sacramentado para o alimento da nossa fé, robustez do amor, fortaleza de nossas virtudes e a gloriosa paz de espírito.
Sem tempo para Deus a pessoa vive rasa, vazia, superficial, virtual, parcial e infernal.
O retiro espiritual é graça abundante para todo o nosso ser.
Professor de História da Igreja
Pregador de Retiros Espirituais
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com